quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cuidado: Frágil


No post anterior citei sobre o fato de que quando a gente gosta de alguém ficamos frágeis e facilmente influenciáveis. Pensando melhor sobre o assunto, decidi fazer um post sobre isso, pois é algo que nos aflinge seriamente, e acaba influenciando diretamente em nossas vidas.

Quando começamos a gostar de alguém, ficamos quase que a mercê da outra pessoa. Claro que não é todo mundo que é assim, apenas as pessoas que possuem a capacidade de viver esse sentimento intensamente possuem esse comportamento. Mas, continuando com o raciocínio anterior, se ela nos trata bem, ficamos felizes, se por algum motivo desconhecido, a pessoa não nos trata com aquela paciência esperada, ficamos incrivelmente tristes. Nossos caminhos são modificados pela pessoa, o foco do nosso olhar é modificado por causa da pessoa, todos os nossos atos passam a ter a pessoa da qual gostamos como referência. Outro fato interessante é como a nossa paciência se multiplica, não ligamos de esperar, não nos importamos com atrasos, não nos incomodamos em dobrar o nosso percurso quando vamos para casa, e fingimos nem perceber que a história que a pessoa está contando já foi narrada várias e várias vezes. Sem contar que tudo que passa a nossa volta nos lembra da pessoa, como um comentário de um amigo sobre algo que você sabe que a pessoa se interessa, uma placa de um carro registrado onde ela nasceu, aquele filme que você percebe que cai no gosto dela, ou até algum produto no supermercado que você nunca reparou, mas que, pelo fato de você saber que a pessoa gosta, você acaba notando na prateleira. Acabamos por nos tornar praticamente um subalterno da pessoa, e o mais interessante, muitas vezes sem ela perceber.

Quando esse sentimento explode dentro da gente, se torna avassalador. Só a sensação é algo estarlhaçador, te prende, te move, te faz rir e chorar ao mesmo tempo, te faz feliz mas também te entristece, é algo completamente complexo, que praticamente muda nossas vidas de uma hora para a outra. E devido a essa complexidade não conseguimos entender direito o que está acontecendo. E pelo fato de não entendermos acabamos por não conseguir controlar nossos atos, pois não sabemos como lidar com a situação. Se a pessoa da qual gostamos perceber o "controle remoto" que possui nas mãos ficaria fascinada. Infelizmente algumas percebem, muitas vezes pessoas sem o discernimento sobre o que é esse sentimento tão especial, e aproveitam para controlar as pessoas que gostam delas. O que é um tamanho desrespeito, pois transforma algo que deveria ser gratificante para a pessoa que gosta em algo que gera sofrimento.

A fragilidade que nos toma conta, acaba influenciando até em outros momentos da nossa rotina. Não conseguimos nos concentrar nas obrigações, pois a pessoa sempre surge na cabeça. Acabamos por mudar as prioridades do dia-a-dia, só para atender à aquela inquietante vontade de encontrar com ela "por acaso". É extremamente interessante como algo que de certa forma parece simples, toma uma dimensão tão grande, tão poderosa. Mas a pior consequência da fragilidade é o medo. Medo da rejeição, medo de não agradar, e até medo de que o nosso sentimento esteja incomodando a pessoa. O medo se torna tão grande que só o fato da possibilidade da outra pessoa estar chateada com a gente nos deixa extremamente nervosos, e de certa forma desapontados consigo mesmos. Ficamos tão inquietos que não seria estranho sair de casa sem destino só para existir a chance de esbarrarmos com a pessoa por aí e pedirmos desculpas sabe-se lá porque. Mas com certeza o medo mais avassalador é o da rejeição, pois é ele que nos impede de resolver a situação. Só a pequena possibilidade de algo dar errado nos faz emperrar, esperando o tão sonhado momento certo mais que perfeito em que a possibilidade de que as coisas aconteçam como o planejado são quases que incontestáveis. Mas, infelizmente, as chances desse "supermomento" acontecer são quase nulas, então, vamos enrolando e enrolando, até acontecer algo pior...

É nesse ponto que gostar de alguém acaba se tornando perigoso, pois os sentimentos de insegurança, medo, ciúmes, acabam se tornando tão ou mais importantes que o amor, o lado bom do sentimento. E quando esses sentimentos ruins tomam conta, acabamos sofrendo, e para piorar, como disse anteriormente, a tendência é enrolar até que aconteça o momento certo, então acabamos sofrendo ainda mais, por um longo período. Acabamos ficando bem debilitados, de certa forma machucados, para baixo e com a auto-estima afetada. E como controlar isso? Infelizmente caros leitores, eu não tenho a resposta, gostaria desesperadamente de obtê-la, mas, nem com as mais intensas reflexões isso se tornou possível. Espero aprender com o tempo, com o amadurecimento, e com os tombos que levamos na vida, e sinceramente, acho que essa é a melhor maneira, pois se torna uma aprendizagem natural, com base sólida e segura. Mas, perceber que possuímos a capacidade de sentir algo tão especial também pode ter a sua parte boa, pois, nos torna especial também, nos faz perceber que somos pessoas boas, que buscam coisas boas, e, como diz o velho e sábio ditado popular mais que batido, "quem procura acha", e se realmente, com toda essa intensidade de sentimentos, estamos buscando algo de verdadeiramente bom para nós, logo, acharemos.

3 comentários:

  1. UHaushaush.. eu gostei do post, mas vc está começando a me preoculpar ! rs...

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  2. Sentimentos: agravantes de nossa humana, demasiado humana miséria.
    Abraço, cara!

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  3. nao sei se fiquei com inveja da criatura dona desses sentimentos tao intensos, ou com medo de acontecer todas estas profecias comigo.... profundo demais. assim como todas as suas conversas. ficou lindo o texto

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